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Depois de Asfalto Liso, obra da prefeitura quebra rua no Leblon
Depois de Asfalto Liso, obra da prefeitura quebra rua no Leblon
RIO - Os buracos da Avenida Visconde de Albuquerque, no Leblon, deveriam ser um incômodo do passado: a Operação Asfalto Liso passou pelo local e deixou o chão em boas condições. Moradores do bairro, porém, surpreenderam-se esta semana quando perceberam que o trabalho, que estava prestes a ser concluído, foi parcialmente destruído na base da britadeira. Operários da Secretaria municipal de Obras quebraram uma parte do asfalto, nos dois lados da via, junto ao meio-fio, para substituir o que já estava pronto por um novo material — concreto. Ligeiramente inclinado, ele garante o escoamento da água para os bueiros.
Procedimento também está sendo adotado na Barra
O procedimento, segundo o coordenador da Operação Asfalto Liso, Celso Ramos, é o mais adequado para as vias com meio-fio baixo (menos de dez centímetros de altura). Ele está sendo adotado também na Barra, na Avenida Sernambetiba, que foi recapeada recentemente. No momento, estão abrindo a canaleta rente ao meio-fio nas imediações da Praça do Ó. A técnica foi criticada por especialistas, que citaram outras soluções mais adequadas, que evitariam o retrabalho e a perda de tempo e dinheiro.
Para Luiz Carneiro, diretor do Clube de Engenharia, e que trabalhou em obras como as do Rio Cidade da Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, o mais correto tecnicamente é, primeiro, preparar as sarjetas (as faixas de concreto junto ao meio-fio) e, depois, assentar o asfalto, o que dispensaria o quebra-quebra numa obra recente.
— Além de não haver desperdício de tempo e de dinheiro, esse procedimento garantiria mais qualidade ao serviço. Prepara-se a sarjeta e, em seguida, se coloca o asfalto no restante da via, fazendo um arremate depois, junto ao meio-fio — disse Carneiro. — O processo foi invertido.
De acordo com o técnico, há risco de o corte no asfalto ter sido malfeito: — Pelo menos, deveriam usar Makitas (lixadeiras de disco). Nunca britadeiras.
O engenheiro civil Antonio Eulalio Pedrosa Araujo, conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea/RJ) e responsável pela execução de lotes da Linha Amarela e da Linha Vermelha, concordou:
— O ideal é fazer as sarjetas, niveladas corretamente. Elas devem servir de guia para a colocação do asfalto. Quando se inverte o procedimento, podem ficar pontos irregulares na pista. Morador da Visconde de Albuquerque, o gerente de marketing Pedro Vasconcellos estranhou o quebra-quebra, sobretudo porque a obra recomeçou depois de as faixas da avenida terem sido pintadas: — É como na sua casa. Você pinta a parede antes de trocar os canos? Por que outras vias do Leblon que estão sendo recapeadas só são sinalizadas no fim do serviço? — questionou.
O coordenador do Asfalto Liso, porém, defendeu o processo adotado. Disse que, no caso de vias antigas e recapeadas muitas vezes, o asfalto deve ser colocado antes de se fazer a sarjeta:
— Assim, é possível restabelecer a linha d’água do pavimento. A Operação Asfalto Liso é sempre precedida de um estudo estrutural. Esse estudo determina a melhor inclinação da via, de modo a assegurar o escoamento da água.
Já Paulo Roberto Araújo, engenheiro aposentado do DER e responsável pela abertura da Avenida das Américas, pensa diferente. Segundo ele, o normal é levar o asfalto até o meio-fio :
— Se querem botar o concreto nessa espécie de canaleta, seria melhor não asfaltar até o meio-fio, já que vão quebrar depois. É uma questão de lógica — argumentou.
Para Paulo Roberto, há ainda outro aspecto a ser levado em consideração: o custo.
— Se asfaltam tudo para depois quebrar, é claro que encarece. Quanto está sendo desperdiçado?
Para o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha, ex-secretário de Obras no governo Marcello Alencar, ficaria menos oneroso se o asfalto parasse antes do local onde se faz a sarjeta:
— Ou você asfalta tudo e faz a caída de água com o próprio asfalto ou orienta a máquina para não asfaltar até o meio-fio, deixando espaço para esta canaleta de concreto. O que estão fazendo é mais caro.
Material cortado é reciclado, diz Secretaria de Obras
O coordenador da Operação Asfalto Liso contra-argumenta:
— Se não formos com o asfalto até o fim da pista, deixaríamos uma vala entre o meio-fio e a pista até fazermos a sarjeta. Poderiam acontecer acidentes — afirmou Ramos, que garantiu ainda que todo o material cortado é reciclado e aproveitado.
Coordenadora do Laboratório de Misturas Asfálticas da Coppe/UFRJ, a professora Laura da Motta disse que o asfalto cortado pode ser reaproveitado.
Por meio de nota, a Secretaria municipal de Obras disse a instalação da sarjeta é realizada após a pavimentação para "garantir o nivelamento da pista e o caimento das águas para as caixas de ralo". A secretaria afirmou que a sobra de massa é ínfima e ela é reaproveitada.
Opinião WikiRio
Um integrante do WikiRio esteve em Buenos Aires em março de 2012, poucos dias após publicada a notícia acima. Eles estão trocando o asfalto em uma de suas avenidas principais e seguindo o que diz o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha. Vamos deixar vocês tirarem as próprias conclusões.